quarta-feira, 30 de junho de 2010

Time after the contest...

Andei ocupado...Essa é um boa desculpa para a preguiça de escrever, nesses últimos tempos... Escrever devia ser decorrente de pensar...Penso...Logo escrevo...Diria um filósofo de botequim...Mas a coisa não é tão fácil assim...Andei ocupado...Me preparando para um concurso para professor titular...Tentando abstrair a realidade crua...Dos cinco candidatos, havia um, e apenas um, com todas as possibilidades de vencer... Então, isto posto, restaria lutar pela "medalha de prata" com outros tres candidatos...A Comissão Julgadora foi elegante...Deu mesmo uma aula de como se deve levar um desses concursos...Bom...Nem precisaria dizer que não deu "zebra"... Na academia, o imponderável não acontece... Fiquei com a "medalha de prata"... Não me sentí infeliz... Os amigos disseram palavras de consolo...Essa é uma boa hora para lembrar que a gente tem amigos de verdade... E isso, realmente conta... Amigos das boas horas, existem aos montes...Mas também existem aqueles com quem a gente sabe que vai poder contar sempre...A tensão do concurso fez baixar minha guarda e minha resistência...Passei alguns dias de "molho"... Quando retornei, encontrei chocolates em minha mesa... deixados, como uma dessas amigas queridas me disse no torpedo que me enviara..."- Para adoçar minha ressaca". Doce amiga...Que apesar de muito jovem, sabe que a vida é prá valer...A vida é prá levar... E, sobretudo, que a vida é breve...E que essas coisas acontecem no nosso dia-a-dia... Sem muito drama... E com essa sabedoria descarada e franca, muito peculiar à sua  jovem e intensa  alma, me consolou do modo mais alegre e doce que um amigo poderia consolar outro amigo... Dividí o chocolate com outros tantos amigos que estavam em minha sala... E tudo se tornou mais leve... Mais fácil... Não me sentí pior ou melhor que ninguém...Todos estiveram alí, sentados, frente a uma banca examinadora, expondo publicamente a sua vida acadêmica...No meu caso, em particular, cerca de 30 anos, ou seja, a metade da minha vida...Me dei conta, então, que gastei metade da minha vida na academia...E o saldo foi positivo... Descobrí duas coisas importantes... Que ainda tenho pique prá continuar na academia mais uns quatro anos... E que existe vida inteligente fora dela e seguramente vou seguir feliz quando estiver "outdoor"... E os amigos...Ah...Os amigos...Estes eu levo prá onde for, viu Thatha!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Crônica de Natal

Aquele natal se avizinhava diferente... Sentia isso no ar... Não conseguia explicar... Saiu de casa tomado de uma estranha sensação...Esperança?... Não sabia... Quando percebeu, estava escolhendo uma árvore... E um montão desses adereços com que se enfeita uma árvore de natal...lembrou-se da infância... O avô, festeiro como ninguém, preparando a árvore... Ficava maravilhado com as bolas coloridas... Mas do que mais gostava, mesmo, era do último enfeite... Quando estava tudo pronto, o avô abria uma caixinha comprida e retirava com cuidado uma peça multicolorida... Era um bico, com uma estrela na base... Colocava, então, na ponta da árvore... Só depois disso, ligava as luzes, presas a pequenos candelabros transparentes, cheios de um líquido colorido...Águas verdes, azuis, encarnadas e mil outras cores que nunca soubera decifrar... E, após alguns minutos, aquilo ebulia...Pequenas bolhas subiam até a superfície, dentro de cada candelabro...E a árvore adquiria vida... Pulsava... Esses eram os seus natais...  Há muito não se lembrava deles...
Retornou ao pequeno apartamento de quarto-sala-cozinha-banheiro, já quase-noite... Iniciou um ritual a que não estava afeito, há vários anos...Retirou da sacola o pequeno pernil temperado... Colocou com cuidado, na forma de aluminio... Abriu uma lata de cerveja e despejou todo o seu conteúdo sobre a carne... Levou a pequena forma ao forno e o ligou... Colocou a toalha branca sobre a mesa... Pegou pratos  e talheres para três pessoas... Montou a árvore num canto da sala... Era uma árvore diferente...Meio triste, sem os candelabros e a estrela-ponta...acendeu as luzes, que começaram a piscar, freneticamente... Apagou as luzes da sala... Sentou-se ao lado do telefone... Como se estivesse esperando uma ligação.... Abriu a garrafa de malte e serviu uma dose generosa, que sorveu de uma só vez... Serviu a segunda dose, e não se sabe lá quantas mais...Era meia-noite, quando o telefone tocou... Uma...Duas...três vezes...Hesitante, atendeu...Alô... Me chame o Alexandre, por favor...Aquí não tem  ninguém com esse nome...Desculpe...Desligou o fone, enquanto uma névoa penetrava na sala...Em meio a um estranho cheiro de carne torrada... Então...ergueu um brinde...Feliz Natal!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Banca-boteco

Banca de Doutoramento...
Pescoço apertado pela gravata... Assunto árido... Na Presidência, um grande amigo... De muitas jornadas... Cara sério...Orientador de primeira... Na ponta direita, lado a lado, dois doutores jovens... Com a corda toda... (André e Marcelo)... Na ponta esquerda, um doutor, nem tão jovem, (Hélio)... Profissional e Professor dos bons...  Grande contador de histórias... E esse que vos escreve (deixem a idade prá lá...)... No centro, o Norba... Comandando a sessão... Que inicia pela ponta-direita... Gostei do tom... Vou ficando à vontade... Penso em como o tempo passa rápido... Vejo o Marcelo, Professor Doutor... E lembro que foi meu aluno de graduação... E as palavras vão fluindo... E vamos nos metendo... Uns, nas arguições dos outros... Deixa eu falar uma coisa... Já não tô mais em idade de aprender no estilo frequentar-curso-de-não-sei-o-que... E de repente... Me sinto aprendendo... A formalidade vai dando lugar a um papo descontraído e generoso...As horas passam sem a gente sentir... O pescoço já não tá tão incomodado pela gravata... Me lembro do meu tempo de mestrado... As apresentações montadas no boteco... Regadas a dúzias de brejas geladas... Ou era alí no Senzala... Ou então, no Rei das batidas... Que naquele tempo não era tão famoso e tinha um outro nome menos pomposo... Um dia desses eu conto que o primeiro nome do  Rei das batidas  foi "abre-cú"... Alí, entre o senzala e o abre-cú, discutíamos a Pós-Graduação... Rascunhavamos nossas aulas e apresentações... Os sonhos de mudança estavam todos, ainda, cheirando a novos, em seus cabides... Aprendí nesses botecos... Muito mais do que aprendí em alguns dos créditos que cursei... Mas, voltando à Banca... Foi a centésima-septuagésima-oitava arguição de que participei... E me lembro de poucas, que me possibilitaram aprender tanto como aprendí hoje, nessa...  Seguramente e sem nenhum medo de errar... Essa foi uma Banca-Boteco... Só faltaram as "brejas"...

sábado, 5 de dezembro de 2009

De amizades e patês...

Parece que te conheço há muito tempo... Ainda não consegui descobrir por que... Será pelo fato de que, te mostras, às vezes, como se tivesses vivido, já, muitos anos?... Ou, talvez... Pelos intensos relatos... Quadro-a-quadro... De filmes... Por tua alma projetados... Sem medo nenhum da platéia que te contempla... Ao mesmo tempo, percebo... Pelo frescor de tua juventude e dos traços firmes... Ainda sem rugas... Do teu rosto inquieto... Com que escancaras teus sentimentos... Que estás no início do teu caminho... Com avidez, abro a lata... Degusto cada pedaço... Sem receio de minha gula... Que, neste caso, não é capital-pecado, mas privilégio... Não se trata de um simples “foie gras”, mas de um fênix-patê... E logo ao sorver os últimos bocados... A lata ressurge... Fechada e plena de rico e generoso conteúdo... Garantindo a certeza... De novas degustações e aprendizados... Amizade-patê...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Segunda feira...Horário de verão...

Segunda feira é foda!...Não importa o domingo...Agora, segunda feira em horário de verão!!!Não consigo deitar cedo...Não consigo dormir cedo... Mas tenho que levantar cedo na segunda. O horário de verão me faz ir dormir mais tarde e além disso, me rouba uma hora... E não há como registrar queixa...Resultado...Começo a semana, já pensando na próxima sexta... E além disso...Porra, horário de verão deveria começar no verão...O próprio nome indica isso...Ainda não estamos no verão...E não vem com aquele papo de que no último dia a gente ganha a hora roubada... Ganha nada...Tempo que passou não volta mais... Não tem nada a ver... Levantar às seis, na segunda, significa levantar às cinco...Quero propor uma troca...Em vez de horário de verão, a gente elimina a segunda...A semana começa na terça...Do domingo a gente pula prá terça...Na segunda, a gente levanta a-hora-que-der-na-telha e não faz nada... Não sai de casa, não usa o automóvel, não faz a barba... No máximo, jogar conversa fora...Bem... sei que isso tudo é loucura... Mas me fez recuperar o bom humor! Tô pronto prá próxima segunda...

domingo, 22 de novembro de 2009

O Memorial...

Memorial é um livro de lembranças...Na carreira acadêmica, é o baú das lembranças ao longo da carreira...Bem, vamos lá...Prestei concurso para obter o título de Livre-Docente, em 1997...Foi a primeira aventura com o tal de memorial...Vejamos...Entrei na carreira em 1987...Prá 97...Dez anos... Encarei com coragem...Digitei os capítulos...Ensaquei os documentos comprobatórios relativos às atividades (memorial tem disso...documentos comprobatórios!... Me tornei Livre-Docente...Troquei de computador...Perdí alguns arquivos...inclusive o do memorial... Tudo bem... Esquecí...Os anos foram passando...Mudou o século...Minha Livre-Docência virou fato do século passado...Tava quietinho-no-meu-canto...Concurso prá Titular...Pensei...Vou nessa...Mas não lembrava do memorial...Caiu a ficha...Tinha que reconstituir o de 1997, a partir de um exemplar impresso...E atualizá-lo com mais doze anos de documentos, amontoados em diversas pastas...Prazo: seis meses, a partir da publicação do Edital, que ocorreu em 1 de julho deste ano...Fiquei desolado...Tava pensando em desistir, quando uma amiga se ofereceu prá recompor o antigo memorial...Aceitei...Já corria agosto...Em setembro...Ela não tinha mais saco prá digitar...Percebí...Agradecí e peguei o bicho...Quarenta páginas digitadas...Eu que cato milho...A ajuda foi decisiva...Faltavam, ainda, umas oitenta...Vamos lá...Terminei em meados de outubro...Agora, era só colocar doze anos de documentos em ordem cronológica, distribuídos nos capítulos correspondentes...E atualizar...Quer dizer...Digitar...E fui digitando...E o prazo, correndo...Chega novembro...Eu digitando... Terminei numa quinta-feira...Dia 19... Mandei imprimir os onze exemplares exigidos (duzentas e quinze páginas, cada) e mais um, prá eu poder olhar pará ele e odiá-lo, enquanto eu estiver vivo...Indepedentemente do resultado do Concurso que se avizinha!

sábado, 14 de novembro de 2009

Receita de amor

Amor, por ser coisa feita,
Não precisa receita...
Preciso que é,
O amor nasce pronto,
Não dá prá ser a La carte...
Como entrada, sugere...
Uma voz de mulher,
Em sua inocência astuta,
Costurando assuntos vários,
Revelando, ora uma santa,
Envolta em seus relicários...
Ora, deixando no ar,
Como que a sussurrar,
Que, de uma hora prá outra,
Sabe ser uma puta...
E, como ninguém, sabe amar...

Como prato principal...
Ah... Esse prato,
Diz a regra, deve ser quente...
Mas como o amor não tem regras...
O segredo é temperar,
Usando finos temperos,
Prosa e poesia, a gosto,
Muita literatura, cinema e arte,
E, destarte, uma pitada de ensejos...
E noites inteiras, amar...
De todas as formas possíveis,
Que aí, cabe o incabível...
Se houver sucesso...
Ouvir, sem muita surpresa...
Ela dizer, baixinho...
Eu quero sobremesa...